domingo, 19 de agosto de 2007

Um ser humano pode ter tantas competências?

Respondendo à pergunta-título, os consultores Almiro Reis Neto e Leni Hidalgo apresentam pontos de vista diferentes aos participantes do Conarh (Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas).

Uma das palestras mais concorridas do Conarh 2006, a apresentação “Um ser humano pode ter tantas competências?”, também foi uma das mais controversas.

O público - ávido por saber o que pensam especialistas de renome sobre a grande quantidade de competências requerida no mercado atual - lotou o auditório A no penúltimo dia de evento.

O mais interessante foi constatar, ao final da apresentação, que as opiniões dos dois palestrantes divergiram completamente sobre o assunto.

Ambos concordaram que não é fácil acompanhar as exigências das empresas atualmente, mas Almiro Reis Neto, diretor da Franquality Consultoria, e Leni Hidalgo, diretora de RH da Votorantim Industrial, apresentaram pontos de vista distintos em relação à necessidade de tantas competências.

Neto afirmou que foco e maior especificidade das competências é a melhor saída para se ter sucesso nos dias de hoje.

“Num mundo em constante mutação, cuidado para não enlouquecer o público interno com tantas exigências. É melhor optar por simplicidade e efetividade”.

O consultor usou como exemplo de excelência para justificar sua opinião o ex-piloto de Fórmula 1 e grande ídolo nacional Ayrton Senna, morto em 1994. “Senna possuía todas as habilidades básicas requeridas para um bom piloto, mas tinha uma competência em especial que o diferenciava dos demais: excelência em correr na chuva”.

Outra questão respondida por Neto foi: “Quanto tempo se demora para desenvolver uma competência?”

Ele acredita que não se pode saber um número com precisão, mas que devem ser bem desenvolvidas para surtir efeito. “Por isso, nem sei se é possível desenvolver mais que uma ou duas por ano”.

Em resumo, as competências de um profissional devem ser poucas e boas. Ele também afirmou que devem estar de acordo com as características da empresa onde se trabalha, alinhadas com a estratégia de cada corporação.

Necessidade de competências múltiplas.

Já a diretora de RH apresentou um outro olhar sobre a questão. Para Leni, o mundo só evoluiu porque as capacidades individuais ultrapassaram cada vez mais limites.

“Respondendo à pergunta do fórum: acredito, sim, que sejam necessárias tantas competências para se ter sucesso nos dias de hoje, tanto como indivíduos quanto como profissionais”.

Além de serem necessárias, as novas capacidades podem sim ser desenvolvidas pelos seres humanos. “Vivemos no mundo da capacidade dinâmica, é preciso saber se transformar”. Ela afirmou que o caminho para se atingir mudanças significativas é modificando crenças e essências, não só comportamentos.

Veja o que é necessário para adquirir novas competências individualmente, de acordo com Leni:

Interesse pessoal estratégico.
Reconfiguração das zonas de domínio.
Negociação com os outros, para que o processo seja coletivo.

Já no âmbito empresarial, ela lista outras atitudes para conquistar novas capacidades de maneira efetiva - já que na empresa o desenvolvimento precisa ocorrer em grupo:

Entendimento de interesses individuais.
Engajamento na mudança.
Atuação em conjunto.
Desenvolvimento de novos atributos.
Sustentabilidade no conjunto de ações.

Por Clarissa Janini

Um comentário: